domingo, 25 de março de 2018

6 espaços na internet que empoderam mulheres o ano inteiro

6 espaços na internet que empoderam mulheres o ano inteiro
No começo do mês tivemos o Dia Internacional da Mulher, no dia 8 de março. Acabou que aqui pelo blog nem tocamos nesse assunto, até porque no ano passado tivemos um texto que falava um pouco sobre as nossas experiências do que é ser mulher que continua muito forte e atual - você pode ler aqui. A verdade é que eu não gosto do dia 8 de março, porque isso significa que eu não vivo em uma sociedade igualitária, que torna necessário a existência de um dia específico pra nos lembrar disso. Não que eu ou você precise lembrar disso, afinal, se você for mulher, isso nunca foi uma questão esquecida. 

Mas ao mesmo tempo que preferia que este dia não existisse, ele é ainda é totalmente necessário. Continuamos vendo mensagens e homenagens, totalmente fora fora do tom e mostrando o porquê ainda temos que continuar discutindo e discutindo, até que esse dia realmente não seja necessário. Mas ao invés de focarmos em campanhas sazonais, resolvi fazer uma listinha de projetos que falam com e sobre mulheres o ano inteiro, uma forma de nos mantermos empoderadas sempre. Além de claro, ser feito por nós.

GIF maravilhoso da Siiri Väisänen

Think Olga - Acredito que esse é o projeto mais importante que temos no Brasil, atualmente. O Think Olga é uma ONG reconhecida internacionalmente, que busca distribuir informações sobre temas pertinentes para nós, mulheres. Pelo site é possível acompanhar todas as últimas campanhas, pesquisas e também textos importantíssimos. Também acho que vale a pena a visita no canal do Youtube, que sempre entrevistas e debates interessantes.
Gênero e Número - Esse é um dos meus espaços preferidos. Trata-se de uma organização de mídia focado em jornalismo de dados, especificamente pra falar sobre gênero. O trabalho que elas fazem é extremamente importante, por entregar um material riquíssimo de estatísticas pra entendermos a dimensão da desigualdade entre gêneros que ainda enfrentamos - além, é claro, de trazer diversos recortes dentro do feminismo.

Valkirias - Pra quem é fascinado por cultura pop como eu, esse site é simplesmente um paraíso. Nada mais é que um coletivo de mulheres escrevendo sobre esse universo que é tão disseminado, porém quase sempre com um olhar machista. No Valkirias, o trabalho é feito por um grupo empoderado, de forma crítica e sempre com um recorte feminista, levantando várias questões interessantes. Quase todos os dias estou por lá e nunca saio decepcionada com nenhuma resenha.

Capitolina - Essa é basicamente a revista que você gostaria de  ter lido na sua adolescência, mas não pode. Capitolina é um projeto independente que traz textos voltados para garotas adolescentes, nos mais variados assuntos do universo feminino. As edições são temáticas e trazem diversos autores, tudo voltado pra desconstruir e trazer uma luz pra essa fase complicada de crescimento e amadurecimento. Eu particularmente sou tão apaixonada por esse espaço, que também tenho uma das edições dos livros físicos.

Blogueiras Negras -  Assim como o nome sugere, esse é um coletivo de autoras negras que tratam dos mais variados assuntos dentro desse recorte. É um dos espaços mais importantes que temos atualmente na internet pra entender e debater questões raciais, tudo atualizado semanalmente. O trabalho se originou em um projeto que buscava incentivar produção de textos por mulheres negras e atualmente conta com mais de 200 autoras. 
 
Cientista que virou mãe -  Essa é a primeira plataforma brasileira com conteúdo produzido por mães, tudo financiado coletivamente. A Lígia é uma cientista que há alguns anos descobriu que estava grávida de um relacionamento recém iniciado e estava completamente perdida no universo da maternidade. Até que começou a pesquisar e registrar tudo num blog, que hoje é um projeto que envolve autoras das mais diversas áreas escrevendo sobre as dificuldades e angústias de ser mãe.

Obviamente, essa listinha é só uma pequena amostra da quantidade de projetos que estão dentro e fora da internet que visa acolher e empoderar mulheres. Existe uma grande quantidade de meninas produzindo conteúdo - e queremos ver muito mais! - e disseminando informações pela internet afora, por isso adoraria saber quais são os que você acompanha pra conhecer também. Afinal, juntas somos mais fortes, sim.

Sandy Quintans
@sandyquintans

quarta-feira, 7 de março de 2018

Quando neva em Dublin

Quando neva em Dublin
Por incrível que pareça, há uma semana estava curtindo um dia de sol muito raro por aqui e por mais que estivesse bem frio, tava uma delícia. Estava começando a ficar muito animada com o fim do inverno, depois de uma semana de tempo bom, sem muita chuva e vários dias ensolarados. A verdade é que o inverno desse ano me pegou, além de parecer que tá durando três décadas, também tá muito mais frio do quando cheguei aqui há um ano. E olha, falo isso como uma pessoa que se dá melhor com o frio do que com o calor. Por todas essas razões, eu vou ter que confessar que fiquei bem chateada com a previsão de que teríamos MUITA neve por aqui. Eu sei, esse é um sonho e uma vontade de muitos brasileiros, já que é algo muito raro pra gente e se pensarmos na quantidade de pessoas no nosso país, uma porcentagem muito pequena tem a real possibilidade de ver e brincar na neve (sim, pode começar a cantar essas musiquinha que tá aí na sua cabeça). 

Yeah, very cold

A verdade é que a Irlanda é um país frio, mas neve é uma coisa incomum por aqui. A última vez que rolou uma de verdade foi em 2010. O que é uma coisa meio curiosa, porque a gente acha que todo lugar que é frio sempre neva. Mas não necessariamente, já que aqui é um país de clima temperado, o que significa que não há drásticas mudanças de temperaturas, deixando tudo sempre estável naquele friozinho. O que consequentemente faz com que o verão não tenha aquele calorão insuportável, apesar de ficar quentinho por uns meses. Então basicamente, a média de temperatura é de uns 10 graus, sendo que no verão fica mais próximo dos 20 e no inverno tipo uns 4. É claro que o que conta mesmo é a sensação térmica, já que aqui venta bastante, além de chover (mas isso é tema pra um outro texto). 

 Então o que aconteceu pra juntar toda essa neve aí? Eu não sou especialista em nada, então vou fazer uma explicação bem básica mesmo. Tivemos uma mistura de dois fenômenos, um vindo da Sibéria que chamamos carinhosamente de Beast from the East, com uma onda de frio bem intenso que pegou vários lugares da Europa, junto com uma tempestade que se formou lá em Portugal e que apelidamos de Storm Emma. Resumo da ópera, as duas coisas se juntaram e acabou virando uma tempestade de neve. Apesar de todos os alertas, muita gente nem estava acreditando nessa história toda - já que falar que vai cair neve sempre falam, inclusive até acontece, mas é uma coisa tão pouca e que acaba tão rápido que não dá pra comparar.

Snowy bridge
Today he's not going to melt anything down
Together

Quando a gente acordou na quarta feira e abri a cortina da janela do meu quarto meu queixo quase caiu. Parecia que tinha acordado numa paisagem de cartão de Natal e o mundo inteiro estava em um branco imaculado, na coisa mais linda. Claro que eu, que tava toda ranzinza com a previsão da onda de frio, fui contagiada pelo espírito da neve e pela experiência de poder viver uma coisa tão mágica e rara (pelo menos na minha vida, né). O mais surpreendente da coisa toda é que não vivemos só esse episódio, mas foram três dias de tempestades e rajadas, que foi tornando aquela paisagem cada vez mais branca e invernal. Logo quando eu estava animada pra melhora do tempo. 

Por causa disso tudo, o país parou completamente e o governo emitiu alertas vermelhos garantindo que toda a população ficasse em casa diante das condições climáticas. Os mercados ficaram com as prateleiras vazias, porque o pessoal ficou enlouquecido estocando comida em casa. Ficou meio impossível achar pão e leite nesse país, rs. O transporte eventualmente acabou parando também e carros ficaram quase que impossibilitados de transitar. Existem dezenas de lugares muito mais frios e com condições climáticas piores que conseguem manter o país funcionando em um episódio como esse, por serem preparados pra esse tipo de clima todo ano, mas aqui é algo difícil de acontecer, deixando um lado meio caótico nisso tudo. Algumas pessoas ficaram sem energia, sem água, sem internet e por aí vai.

Snowy streets
Snowy front yard

Por sorte, aqui em casa deu tudo certo e conseguimos aproveitar um monte esses dias mágicos. Então sempre que o clima dava uma melhorada, a gente já se encapotava pra sair caminhando pela neve e reconhecer paisagens que estávamos tão acostumados de um jeito completamente diferente (e que renderam as fotos que ilustram esse post). Depois voltávamos pra casa pra tomar um banho quentinho e tomar um chocolate quente e se recuperar da friaca. 

Um episódio como esses pode até ter um lado ruim, que era no que eu pensava sempre antes dele acontecer, mas a neve tem uma mágica que acabou me contagiando e me permitiu aproveitar bastante. Até em momentos de um super vento e neve na cara como na foto abaixo, rs. Afinal, foram apenas três dias, que rendeu um descanso e novas perspectivas e experiências pro meu intercâmbio. Mas agora, que a neve começou a derreter e a perder a sua magia, pode entrar Primavera, estou te esperando.


Fotos: Vinícius Novaes

Sandy Quintans
@sandyquintans

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Playlist do P! - Bandas que (talvez) você não sabia que são irlandesas

Playlist do P! - Bandas que (talvez) você não sabia que são irlandesas
Possivelmente, a Irlanda é um dos lugares pequenos que mais fabricam gente famosa na história do mundo. Isso não é nem uma estatística oficial, mas é sempre surpreendente parar pra pensar em quantas pessoas que conhecemos saíram dessa ilha, justamente por aqui ser um país muito ligado a cultura - seja na música, no teatro, na escrita, e nas mais variadas formas de arte possíveis. Inclusive acho que a conexão que eu já tinha com alguns artistas irlandeses foi o que me fez ter mais vontade de vir pra cá na hora de planejar minha viagem. Então desde que cheguei, acabou virando um lance tentar descobrir gente famosa que é irlandesa e colocando no meu banco de dados mental, rs. Ainda mais que estamos falando de um povo que se orgulha muito do que é produzido aqui e em qualquer loja é possível ouvir artistas locais.


Pensando nessas minhas pequenas descobertas, resolvi fazer uma playlist com alguns dos artistas que fui descobrindo serem irishs. Claro que tem muita gente que é obviamente irlandesa nessa compilação, tipo U2, Glen Hansard e Damien Rice,  por suas obras estarem ligadas ao país. Inclusive, lembro que quando contava para as pessoas que viria em um intercâmbio pra cá, a resposta mais comum era "ah, você tá indo para o país do U2, que legal!". Também há outros artistas que são obviamente irlandeses e que eu nunca tinha reparado, tipo The Cranberries e Sinéad O'Connor (eu juro que não dá pra ter um nome mais irlandês que esse), mas que só aconteceu porque eu tô aqui. Enquanto outros que foram uma completa surpresa, tipo Thin Lizzy e Snow Patrol. 

Aperta o play pra você descobrir quais são as suas surpresas irlandesas:


Agora, pra quem estiver afim de conhecer novos artistas, encontrei essa playlist maravilhosa, que reúne algumas das melhores bandas e cantores fabricadas nessa ilha. 

Sandy Quintans
@sandyquintans

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Lady Bird é o filme que queria ver no Oscar

Lady Bird é o filme que queria ver no Oscar
Possivelmente a primeira coisa que passa pela nossa cabeça quando falamos em cinema são histórias fantásticas, talvez de super-heróis e coisas extraordinárias. Se o assunto for indicados ao Oscar, nossa imaginação fica ainda mais pronta pra falar de grandes produções, roteiros fortes e projetos cheios de ambição. É claro que isso tudo faz parte desse universo, mas pode ser que a gente acabe esquecendo que o cinema também o espaço pra contar histórias comuns, de gente como eu e você. Esse foi o encantamento que senti quando assisti Lady Bird. De que aquela era uma história que misturava algo que gostaria de ter sido com algo que eu também era na minha adolescência.


Esse é um filmes indicado a Melhor Filme no Oscar desse ano, que nos conta a história de Lady Bird, uma adolescente que vive em Sacramento, Califórnia - e que têm uma vontade enorme de conquistar o mundo. Estamos falando daquela fase de descobertas, que a gente não sabe muito bem o que quer da vida e que estamos prontos pra colocar todos os nossos planos em prática, já que dentro da nossa cabeça o mundo está ali só esperando pra ser conquistado, mesmo que isso nos dê um medo danado. O mais lindo da coisa toda, é que esse é filme criado por mulheres, retratando a vida de uma garota. Quantas vezes vimos isso acontecer no cinema? Um longa falando de uma vida comum, sem intrigas, dramas femininos e garotas brigando por causa de garotos, conversando com meninas como nós.


Em muitos momentos eu senti uma identificação enorme com ela, pensando nos meus anos de adolescente. Eu entendia as motivações dela em querer mudar de vida, de querer conhecer o mundo. Das dificuldades financeiras, de não entender o seu lugar e o seu papel na sociedade. De questionar nossas crenças, do desajuste nas relações familiares dessa fase. Das amizades entre meninas e da incógnita entre meninos. Do peso das escolhas por não entender exatamente o que elas significam.

A verdade é que não há um grande plot por trás de Lady Bird e essa é a maior conquista o filme tem a nos oferecer. Eu acho que de alguma forma a gente pensou que não fosse permitido contar as nossas histórias, a menos que houvesse um contexto de dor, sofrimento ou superação. Afinal, é assim que é ser mulher nesse mundo: difícil. Porque até então nós nunca pudemos falar sobre o ordinário, como se a vida por si só já não fosse obstáculo suficiente e complicada pra caramba partindo apenas do básico, mesmo. Quando a gente aprendeu que histórias de mulheres deveriam ser contadas, tudo o que queríamos transmitir era a ideia de que olha, apesar de tudo isso que essa mulher viveu, ela venceu, com o intuito de inspirarmos umas as outras. E sabe, isso é muito importante, de verdade, mas a gente esqueceu todas as histórias merecem ser contadas.

Greta Gerwing e Saiorse Ronan (de quem tenho orgulho em saber pronunciar o nome) trabalhando juntas no set

Greta Gerwing, a diretora e roteirista do filme, passou anos trabalhando nessa história enquanto trabalhava em outras produções tão importantes quanto, seja atuando ou colaborando com roteiro e outros projetos por trás das câmeras. Por causa disso, ela consegue nos transmitir algo tão genuíno, tão verdadeiro, tão a gente em alguma fase da nossa vida, que não consigo apontar um momento em que pensei não estar vendo algo real. De certa forma, estamos vendo uma mulher falar sobre a vida dela também, de um ponto de vista que talvez só a gente entenda como é.

Exatamente por isso que é tão incrível ver a produção em categorias importantes no Oscar desse ano - com indicações para Melhor Filme, Roteiro Original, Atriz, Atriz Coadjuvante, Direção - em que Greta é a quinta mulher a ser indicada na categoria desde a primeira edição. Não que seja esperado que o longa vença, mas o reconhecimento da premiação mais importante do cinema é a grande conquista, que abre portas e traz a oportunidade de que histórias como essa continuem a ser contadas. E por tudo isso, Lady Bird era o filme que queria ver no Oscar.


Sandy Quintans
@sandyquintans
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